O andamento da agenda de reformas também foi acompanhado pelos
investidores e ajudou na redução de prêmio de risco hoje, enquanto dados de
inflação acima do esperado foram apenas monitorados e não chegaram a
influenciar os negócios.
No fim da sessão regular, às 16h, a taxa do contrato de Depósito
Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 cedeu de 4,65%, no ajuste anterior,
para 4,61%; a do DI para janeiro de 2022 recuou de 5,42% para 5,35%; a do
contrato para janeiro de 2023 passou de 5,99% para 5,92% e a do DI para janeiro
de 2025 caiu de 6,60% para 6,55%.
O otimismo dos agentes do mercado com a perspectiva de andamento
da agenda de reformas econômicas foi renovado nesta quarta-feira. Ainda pela
manhã, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que
a comissão mista que analisará a reforma tributária contará com 15 deputados e
15 senadores e funcionará durante o recesso parlamentar. “É importante que
possamos ter ainda no primeiro semestre de 2020 um novo sistema tributário”,
disse.
Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a proposta
tributária do governo será encaminhada direto para a comissão mista para ser
incorporada aos textos que já existem. “É uma tolice mandar outra PEC para
tumultuar o jogo”, afirmou Guedes durante entrevista coletiva, na qual fez um
balanço sobre o ano de 2019 e falou sobre as metas para 2020.
Com o andamento da agenda de reformas de volta ao radar dos
investidores, os juros futuros operaram em queda em toda a curva. Durante o
pregão, as taxas intermediárias e longas chegaram a registrar queda de mais de
10 pontos-base, mas parte do movimento perdeu força. A retirada de prêmio da
curva, porém, ocorreu desde o início do dia, em correção à forte alta observada
ontem nas taxas.
“Os juros futuros subiram ontem e voltaram para um nível mais
confortável para aplicação com objetivo de longo prazo”, afirmou José Raymundo
Faria Junior, sócio e diretor da Wagner Investimentos. De acordo com ele, os
contratos estão em tendência de alta de médio prazo, mas, no longo prazo,
seguem em queda, o que favorece posições aplicadas na curva a termo.
Selic
A ata da última reunião do Copom do ano gerou a interpretação,
para alguns agentes do mercado, de que talvez o atual ciclo de afrouxamento
monetário possa ter encerrado na semana passada. Essa é a avaliação da
consultoria inglesa Capital Economics, que projeta a Selic inalterada em 4,50%
ao longo de 2020 e 2021.
“Concordamos que o ciclo de flexibilização terminou em dezembro,
mas pensamos que os analistas que esperam alta nas taxas estão muito
adiantados. É provável que o grande hiato do produto mantenha as pressões
subjacentes sobre os preços contidas e, embora o crescimento se fortaleça em
2020, não será suficiente para garantir taxas mais altas”, diz a equipe da
consultoria em relatório enviado a clientes.
Os negócios no mercado de juros também foram influenciados pela
cautela antes da divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), do Banco
Central, nesta quinta (19). Após o RTI, o presidente do BC, Roberto Campos
Neto, concederá uma entrevista coletiva, onde pode dar pistas sobre os rumos da
política monetária brasileira.
A expectativa pelo RTI tem aumentado após leituras bem mais fortes
do que o esperado pelo mercado de indicadores de inflação. Nesta quarta, a Fipe
informou que a inflação na cidade de São Paulo acelerou para 1,13% na segunda
prévia de dezembro, após ter ficado em 0,80% na primeira leitura do mês. Já a
FGV relatou que a segunda leitura do IGP-M de dezembro avançou 2,06%, depois de
ter anotado 1,83% na primeira medição.
Victor Rezende
Valor Econômico
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