Uma loja do senador Flávio
Bolsonaro (sem partido-RJ), no Rio de Janeiro, foi alvo de busca e
apreensão na manhã desta quarta-feira (18) na investigação sobre movimentações
financeiras suspeitas por parte de ex-assessores, como Fabrício Queiroz.
O
Ministério Público do Rio cumpriu no total 24 mandados
de buscas e apreensão.
O
senador detém 50% da sociedade da loja que é uma franquia de chocolates. O
estabelecimento fica em um shopping na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da
cidade. Neste caso, o foro privilegiado ao qual Flávio Bolsonaro tem direito
não se aplica.
O
advogado do senador Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, informou, por volta das
15h desta quarta-feira, que a nova ação do Ministério Público do Rio foi
recebida por seu cliente com tranquilidade.
“Recebemos a informação
sobre as novas diligências com surpresa, mas com total tranquilidade. Até o
momento, a defesa não teve acesso a medida cautelar que autorizou as
investigações e, apenas após ter acesso a esses documentos, será possível se
manifestar. Confirmo que a empresa do meu cliente foi invadida, mas garanto que
não irão encontrar nada que o comprometa. O que sabemos até o momento, pela
imprensa, é que a operação pode ter extrapolado os limites da cautelar,
alcançando pessoas e objetos que não estão ligados ao caso.”
Ação mira família da ex-mulher do presidente
Bolsonaro
Na mesma operaçao, também são investigados parentes de Ana
Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (sem partido-RJ),
que foram empregados no gabinete de Flávio.
Em nota, o Grupo de
Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC/MPRJ) confirmou o
cumprimento dos mandados para apurar supostas movimentações suspeitas
envolvendo Fabrício Queiroz, mas, em razão do sigilo das investigações,
informou que não pode oferecer mais detalhes.
As medidas fazem parte da
investigação da suspeita de que havia a "rachadinha" -- um esquema de
repartição de salários -- no gabinete do parlamentar na Assembleia Legislativa
do Rio de Janeiro (Alerj), onde ele foi deputado estadual por quatro mandatos.
O G1 conseguiu falar com Ana Cristina às 7h57 desta quarta. Ela disse
que não poderia falar no momento e pediu para que a reportagem ligasse mais tarde.
Guilherme
dos Santos Hudson, tio de Ana Cristina, disse que não pode dar informações
porque o processo está em segredo de Justiça. Questionado sobre ter sido
assessor de Flávio Bolsonaro na Alerj, Guilherme disse que não teme a
investigação, pois não deve nada a ninguém.
“Meu
amigo, tá tudo escrito naquela reportagem. Então é aquilo que está sendo
investigado. Pode ser investigado, não devo nada a ninguém. Não tem problema
nenhum”, garantiu.
Em
nota, a defesa de Fabrício Queiroz informou ter recebido a notícia da busca
"com tranquilidade e ao mesmo tempo surpresa". "É absolutamente
desnecessária, uma vez que ele sempre colaborou com as investigações, já tendo,
inclusive, apresentado todos os esclarecimentos à respeito dos fatos", disse.
O G1 ainda não falou com a defesa dos demais citados.
A força-tarefa obteve na Justiça, em maio, a quebra
dos sigilos fiscal e bancário de 96
pessoas e empresas -- incluindo Queiroz e Flávio.
A
investigação foi instaurada em 31 de julho do ano passado, meses depois que o
antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf, hoje Unidade de
Inteligência Financeira) enviou um
relatório ao MP com movimentação
atípica de Queiroz num total de R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
O
caso ficou
parado de julho até novembro, aguardando decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF) sobre a legalidade do compartilhamento dessas informações sem
autorização judicial.
As
medidas cautelares desta quarta atingem sobretudo ex-assessores que também
tiveram quebrado pelo Tribunal de Justiça do Rio em abril. Ao todo, na ocasião,
96 pessoas e empresas foram alvo da decisão da 27ª Vara Criminal do Rio, Flávio
Itabaiana de Oliveira Nicolau.
Durante
os anos 2000, Fabrício trabalhou por mais de dez anos como segurança e
motorista de Flávio Bolsonaro, o filho mais velho do presidente. Queiroz
recebia da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) um salário de R$ 8.517 e
acumulava rendimentos mensais de R$ 12,6 mil da Polícia Militar. Ele foi
exonerado do gabinete de Flávio na Alerj em outubro de 2018.
Por Arthur Guimarães, Bom
Dia Rio / G1
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