A Vale já gastou aproximadamente US$
1,6 bilhão em 2019 com indenizações em decorrência ao desastre na barragem da
mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), ocorrido em janeiro deste ano,
deixando 270 vítimas, entre mortos e desaparecidos. O valor deve ficar entre
US$ 1,65 bilhão e US$ 1,85 bilhão, anunciou a companhia em evento para
investidores na Bolsa de Nova York nesta segunda-feira.
A mineradora anunciou também sua
estimativa de produção de minério de ferro para os próximos anos. A meta é chegar
a entre 340 milhões de toneladas e 395 milhões de toneladas no próximo ano. Em
2021, o volume subiria para de 375 milhões a 395 milhões de toneladas,
alcançando uma faixa de 390 milhões a 400 milhões de toneladas em 2022.
Após o desastre de janeiro deste ano em
Minas Gerais, a Vale permanece com um corte de 40 milhões de toneladas na
produção de minério de ferro. A estimativa é que essa capacidade parada seja
retomada em 15 milhões de toneladas já em 2020 e o restante, em 2021.
Na abertura do evento, o presidente da
Vale, Eduardo Bartolomeo, anunciou que a empresa está desenhando um novo plano
de atuação focado em segurança e excelência operacional, firmando o que chamou
de um novo pacto com a sociedade. Ele afirmou que este foi o ano mais difícil
da história da companhia em consequência a Brumadinho.
A companhia trabalha no
descomissionamento de nove barragens que utilizam o sistema a montante, o mesmo
que era utilizado na de Brumadinho. E vai investir US$ 1,8 bilhão para promover
o empilhamento de dejetos em sistema a seco entre o próximo ano e 2024.
Na manhã desta segunda-feira, a Vale
divulgou um comunicado ao mercado anunciando a suspensão da disposição de
rejeitos da barragem de Laranjeiras, que são oriundos da mina de Brucutu (MG).
Com isso, por um período de um a dois meses, a unidade vai operar com 40% de
sua capacidade total, usando processamento a úmido, que resulta em rejeito
filtrado e empilhado. O impacto será de uma redução de 1,5 milhão de tonelada
de minério de ferro por mês.
Ainda assim, a companhia manteve sua
projeção para venda de minério de ferro em 2019, que é de 307 milhões a 312
milhões de toneladas, e neste quarto trimestre, de 83 milhões a 88 milhões de
toneladas. No primeiro trimestre de 2020, porém, produção e vendas devem recuar
para 68 milhões a 73 milhões, o que a mineradora credita não apenas ao retorno
gradual das operações, mas também à sazonalidade.
Os investimentos para os próximos dois
anos ficarão em US$ 5 bilhões para cada um. Pelo plano de investimentos
apresentado em Nova York, o preço para venda do minério de ferro deve voltar ao
patamar de 2018 e chegando ao ponto de equilíbrio já no próximo par de anos,
ficando entre US$ 28 e US$ 30 por tonelada. Em 2019, a previsão é que este
preço fique em US$ 37 por tonelada.
Bartolomeo destacou que a Vale está
construindo um novo modelo de negócio, focado no compromisso de construir uma
empresa mais segura. Ele afirmou que ainda é cedo para voltar a falar em
pagamento de dividendos aos acionistas. O pagamento foi suspenso após o
desastre de Brumadinho, que permanece como principal meta de trabalho da
companhia, disse o executivo.
A estimativa é que os gastos com as
reparações que resultam do rompimento da barragem de Córrgeo do Feijão fiquem
entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões em 2020, mantendo patamar similar no ano
seguinte, entre US$ 1,4 bilhão e US$ 1,9 bilhão. Mais adiante, entre 2023 e
2031, a Vale estima outros US$ 8 bilhões.
Também nesta segunda-feira, a Vale
informou ter recebido as cartas de renúncia de dois membros do Conselho de
Administração. Marcio Hamilton Ferreira e Marcelo Augusto Dutra Labuto deixam
oa assentos de coordenador do Comitê financeiro e membro do Comitê de
Conformidade e Risco, respectivamente.
Glauce Cavalcanti/O Globo
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