O debate sucessório
ainda é prematuro, mas não sai da pauta
Existe uma ansiedade no ar sobre a questão sucessória de 2022.
Como se ainda não houvesse três anos pela frente e a agenda em torno do assunto
já estivesse posta. Como se o futuro já estivesse escrito, com as reformas
avançando, a economia crescendo e o presidente Jair Bolsonaro, dentro do seu estilo,
continuando a antagonizar. E por que o debate sucessório está sendo
prematuramente trazido ao palco?
Além da questão da agenda dada, existe no ar certo
enfado com a “não política” de Bolsonaro. A classe política ainda está se
desmamando do presidencialismo de coalizão e o novo modelo até agora não
produziu resultados retumbantes. No fundo, existem dúvidas sobre se Bolsonaro
será verdadeiramente competitivo em 2022 para tentar a reeleição. Sendo assim,
antecipar os movimentos pode parecer inteligente.
No caminho de todos os potenciais candidatos existem
as eleições municipais de outubro, que ocuparão um espaço importante na agenda
política deste ano. Apesar de as eleições municipais terem como foco questões
locais, as disputas nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, por exemplo,
ganharão repercussão nacional, podendo fortalecer ou enfraquecer alguns dos
protagonistas mencionados.
“As eleições municipais não definem a sucessão
presidencial, mas apontam vetores de influência”
As eleições municipais não definem a sucessão
presidencial, mas apontam relevantes vetores de influência. Em especial, para
os políticos e os partidos mais tradicionais e mais dependentes de máquinas
públicas. Em algumas oportunidades, as eleições municipais chegam a antecipar
tendências da sucessão presidencial seguinte. Em outras, não.
Em 2000, o PT foi o grande vitorioso nas capitais. Esse
resultado, batizado de “onda vermelha”, acabou indicando com antecedência a
vitória de Lula na disputa de 2002. Em 2016, tivemos a “onda azul”, com o PSDB
se consagrando nas capitais. Já a eleição disruptiva de 2018 acabou não
confirmando o esperado potencial eleitoral do ex-governador de São Paulo
Geraldo Alckmin (PSDB).
Outra variável interessante destas eleições
municipais diz respeito aos atuais atores políticos do cenário nacional. A
polarização entre o bolsonarismo e o lulismo vai se manter? O PSDB será
bem-sucedido em seu desafiador projeto de se reposicionar no centro? Tais
questões, entre outras tantas, só poderão ser respondidas após outubro.
Assim, embora as eleições municipais mantenham os temas
regionais no topo da pauta, a repercussão dos resultados saídos das urnas acaba
se disseminando por todo o país, principalmente se seus players desde já começam a revelar seus
movimentos.
Enquanto o quadro que se desenha neste ano — com
crescimento econômico — favorece o presidente Jair Bolsonaro, os demais
pretendentes enfrentam desafios adicionais. A esquerda está dividida entre a
viabilidade de Luiz Inácio Lula da Silva e a construção de uma nova narrativa.
Ciro Gomes, com sua agressividade, afasta potenciais aliados da esquerda e não
convence ao centro. Luciano Huck é um projeto de candidato, estimulado por
setores da elite, com potencial de crescimento nas classes populares. João
Doria e Wilson Witzel ainda dependem de excepcionais resultados em seus estados
e de conseguir federalizar suas realizações.
Foto: Alan Santos/Presidência da
República/Divulgação
Murillo de Aragão
É preciso ter muita atenção e reduzir a influência da esquerda corrupta no poder.
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