O
Irã negou, nesta segunda-feira (13), ter tentado "acobertar o caso",
em referência a sua responsabilidade pelo avião de passageiros ucraniano
derrubado por erro perto de Teerã na última quarta.
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As
Forças Armadas iranianas admitiram, no sábado, sua responsabilidade na tragédia
do voo PS572 da Ukraine International Airlines. A aeronave foi derrubada em 8
de janeiro, antes do amanhecer, pouco depois de decolar de Teerã.
Na
quinta e sexta-feiras, a Organização de Aviação Civil iraniana e o governo
negaram a hipótese de que o avião tivesse sido derrubado por um míssil,
mencionada desde a quarta à noite pelo Canadá.
As
176 pessoas a bordo do avião, iranianos e canadenses em sua maioria, morreram
na tragédia.
"Nestes
dias de tristeza, houve críticas aos responsáveis e às autoridades do país.
Alguns responsáveis foram inclusive acusados de mentir e de tentar acobertar o
ocorrido, quando, sincera e honestamente, este não foi o caso", disse o
porta-voz do governo, Ali Rabii.
"A
verdade é que não mentimos. Mentir é disfarçar a verdade de maneira intencional
e consciente. Mentir é acobertar informações. Mentir é conhecer um fato e não
dizê-lo, ou deformar a realidade", acrescentou Rabii.
"O
que dissemos na quinta-feira estava baseado nas informações que haviam sido
apresentadas ao conjunto do governo e segundo as quais não havia qualquer
relação entre o acidente e um (disparo de) míssil", insistiu o porta-voz.
O
anúncio da responsabilidade das Forças Armadas provocou uma onda de indignação
no Irã.
Na
noite de sábado, uma cerimônia em homenagem às vítimas em uma universidade de
Teerã se transformou em uma manifestação contra as autoridades, aos gritos de
"morte aos mentirosos". A polícia conseguiu dispersar a multidão.
Ontem
à noite, várias mobilizações foram registradas em Teerã, conforme vídeos
publicados nas redes sociais que não puderam ter sua veracidade confirmadas.
'Moderação' da polícia
Nesta
segunda-feira, o governo alemão pediu ao Irã que permita a realização de
"protestos de forma pacífica e livre".
A
porta-voz do Ministério alemão das Relações Exteriores, Maria Adebahr,
classificou como "muito preocupantes" as imagens de vídeo, nas quais
se vê as forças de segurança iranianas reprimindo a multidão.
O
chefe da Polícia de Teerã declarou hoje que recebeu ordens para agir com
"moderação" frente às recentes manifestações.
Em
conversa ontem à noite com o primeiro-ministro sueco, Stefan Lofven, o
presidente iraniano, Hassan Rohani, prometeu uma "exaustiva investigação"
sobre o desastre aéreo, conforme anúncio feito por sua assessoria.
Advertência ao Reino Unido
Também
nesta segunda, o Ministério britânico das Relações Exteriores convocou o
embaixador iraniano em Londres para protestar contra a breve detenção, no fim
de semana, do representante diplomático de Londres em Teerã, anunciou o
porta-voz de Downing Street.
"Foi
uma violação inaceitável da Convenção de Viena e deve ser investigada. Pedimos
ao governo iraniano todas as garantias de que isso não voltará a acontecer. A
Chancelaria convocou hoje o embaixador iraniano para lhe transmitir nossas
firmes objeções", afirmou o porta-voz.
Mas
o Irã ameaçou na noite de segunda-feira expulsar o embaixador caso ocorra um
novo "erro" do governo do Reino Unido. Teerã "pede o cessar
imediato de qualquer ação intervencionista e provocadora", indicou em um
comunicado o ministério iraniano de Relações Exteriores.
No
domingo, o Irã reconheceu que deteve, brevemente, o embaixador britânico, Rob
Macaire, quando ele deixou uma manifestação no sábado, organizada como uma
vigília em memória das 176 vítimas.
O
vice-ministro iraniano das Relações Exteriores, Abas Araghchi, esclareceu que
"não foi preso, mas retido, por ser um estrangeiro não identificado que
participava de uma manifestação ilegal". De acordo com o vice-ministro,
Macaire foi liberado 15 minutos depois, tão logo sua identidade foi confirmada.
O
embaixador britânico negou, por sua vez, ter participado de manifestações
contra as autoridades iranianas, como publicaram alguns veículos da imprensa
local.
AFP
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