• Para 65% dos pais ou
responsáveis entrevistados na pesquisa, encomendada pela Fundação Lemann, Itaú
Social e Imaginable Futures, as crianças da pré-escola terão o seu
desenvolvimento comprometido; enquanto 69% dizem que os estudantes dos anos
iniciais do Ensino Fundamental terão atraso em seu processo de alfabetização,
com prejuízo ao seu aprendizado;
• Em relação aos
adolescentes, 58% têm a percepção de que terão problemas emocionais por causa
do isolamento e 58% acreditam que os alunos do ensino médio correm risco de
desistir dos estudos;
• Subiu de 24% para 30%,
de setembro para novembro de 2020, o índice de pais e responsáveis favoráveis
ao retorno das aulas presenciais, alegando principalmente os prejuízos na
educação dos estudantes durante a pandemia em todos os níveis de ensino;
• A pesquisa mostra
também que os pais temem a Covid-19 e para 49% não há confiança na capacidade
da escola de se adequar às normas de segurança sanitária, índice que era de 22%
em setembro; em relação ao comportamento dos estudantes, 43% não confiam que
irão cumprir os protocolos de segurança (índice de 24% em setembro).Foto: Gestão Escolar
Após praticamente um ano letivo sem aulas
presenciais, pais e responsáveis de estudantes de escolas públicas de todo o
país acreditam que, se continuarem fechadas, as crianças da pré-escola terão o
seu desenvolvimento comprometido (65%), enquanto aquelas dos anos iniciais do
Ensino Fundamental terão um atraso em seu processo de alfabetização e isso irá
prejudicar seu aprendizado (69%). Em relação aos adolescentes, a percepção é a
de que tenham problemas emocionais por causa do isolamento (58%) e que os
alunos do Ensino Médio correm o risco de desistir dos estudos (58%).
Estes dados são indicados na quinta edição da pesquisa
Datafolha "Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e
suas famílias", encomendada pela Fundação Lemann, Itaú Social e
Imaginable Futures, realizada com 1.015 pais ou responsáveis de estudantes das
redes públicas municipais e estaduais, com idade entre 6 e 18 anos, no período
de 16 de novembro a 2 de dezembro de 2020.
Os prejuízos decorrentes da falta
de aula presencial podem ser ainda maiores para os estudantes socialmente
vulneráveis. Para 80% dos pais e responsáveis, eles correm o risco de ficar
para trás por terem mais dificuldades para estudar em casa. A taxa dos que
temem que seus filhos desistam da escola chegou a 35%. A diminuição da renda
familiar é outro ponto de atenção: na pandemia a renda diminuiu para 47% dos
entrevistados.
"Tantos meses de
afastamento do ambiente escolar deixarão marcas
no desenvolvimento dos alunos, com a intensificação de problemas antigos, como
a distorção idade-série, o abandono e a evasão, especialmente entre a população
mais vulnerável. As redes que já começaram a realizar diagnósticos estão no
caminho certo para propostas pedagógicas que ajudem na motivação dos estudantes
e na recuperação das perdas de aprendizagem. É também urgente a construção de
um planejamento coordenado de retomada das aulas com protocolos bem estabelecidos, com forte diálogo junto às equipes
escolares e muito apoio aos professores, sob pena dos prejuízos à educação e à
garantia de direitos de crianças e adolescentes se prolongarem por um extenso
período", afirma a gerente de Pesquisa e
Desenvolvimento do Itaú Social, Patricia Mota Guedes.
O reconhecimento da importância da retomada das
aulas presenciais traz, em contrapartida, a insegurança e o temor sobre o
contágio da Covid-19. Apenas 19% dos pais ou responsáveis disseram que ‘confiam
muito’ na capacidade da escola de se adequar aos protocolos de segurança
sanitária na reabertura. E 43% deles não confiam na capacidade dos alunos de se
adequarem às normas sanitárias, índice que era de 24% em setembro.
No cenário nacional, somente 5% das escolas
frequentadas por estudantes das famílias que participaram da pesquisa reabriram
em novembro, das quais 60% com aulas regulares e 66% em alguns dias da semana.
Mais da metade dos alunos não foi para a escola (57%) e 79% dos pais
entrevistados disseram que receberam orientações sobre a reabertura.
Para o diretor executivo da Fundação Lemann, Denis
Mizne, uma boa comunicação das escolas com pais, responsáveis e alunos pode
fazer diferença para orientar e criar uma relação de confiança. "É um período de insegurança natural
devido ao cenário de pandemia, mas este momento é também uma oportunidade para
estreitar e fortalecer o contato com as famílias, que vêem agora com mais
clareza a importância da escola no desenvolvimento das crianças e dos
adolescentes", diz Mizne.
"É importante este vínculo para motivar alunos e familiares e evitar a
evasão escolar", afirma.
APRENDIZADO
NA PANDEMIA
Para 79% dos pais, as escolas deram apoio durante o
período sem aulas presenciais, principalmente nos anos iniciais do Ensino
Fundamental (87%). O suporte consistiu principalmente em professores
disponíveis para tirar dúvidas dos responsáveis, orientações gerais sobre como
apoiar os estudantes para fazerem as atividades e sugestões para motivá-los a
participar.
As atividades a distância possibilitaram aos alunos o desenvolvimento de
algumas competências. Na percepção dos pais, foram desenvolvidas habilidades
como usar a tecnologia para estudar e aprender, não desistir diante das
dificuldades e pesquisar e ampliar o conhecimento sozinho.
Os pais e responsáveis também tiveram um
aprendizado neste ano de aulas em casa. Dos entrevistados, 50% destacam como
aspectos mais importantes acompanhar e apoiar os estudantes na aprendizagem;
35%, estar aberto a diferentes dinâmicas e tendências de ensino; e 29%, estar
em contato com os professores e com a direção da escola, além de estabelecer e
acompanhar rotinas de estudos.
No entanto, houve dificuldades dos estudantes para
organizar as rotinas de estudo com autonomia, além de capacidade de adaptação e
flexibilidade. O índice dos que percebem dificuldade em manter uma rotina das
atividades em casa alcançou 69%. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, chega
a 72%.
A motivação é um fator crítico para o engajamento e
observa-se um processo de desmotivação desde maio de 2020, quando ocorreu a
primeira edição da série de cinco pesquisas realizadas até agora pelo
Datafolha. Enquanto em maio 46% dos estudantes estavam desmotivados, em
novembro o percentual é de 55%.
Deve-se considerar que houve um incremento no
índice de alunos que receberam atividades por equipamentos e material impresso,
de 34% para 63% no período de maio a novembro de 2020. No entanto, cai o tempo dedicado para as atividades.
QUINTA
ONDA
Em um período de sete meses (maio a novembro) foram
realizadas cinco pesquisas pelo Datafolha na série "Educação não
presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias". Esta quinta
onda registra a evolução de alguns indicadores da educação remota em 2020. O
objetivo geral dos levantamentos é verificar se os estudantes dos ciclos
Fundamental e Médio de escolas públicas estão recebendo conteúdos, acessando-os
e realizando as atividades propostas durante a pandemia, além de mapear as
dificuldades de aprendizado on-line, rotinas e motivação. As pesquisas
anteriores foram em maio, junho, julho e setembro.
Em um período letivo tão atípico, uma questão é
fundamental: evitar a evasão escolar. A pesquisa segmentou os estudantes em
quatro categorias: ‘Adaptados’, ‘Superadores’, ‘Resilientes’ e ‘Em risco’.
Considerando os dados apurados de maio a novembro, observa-se que o grupo dos
estudantes ‘Em risco’ mantém-se estável em cerca de um terço, similar ao grupo
dos ‘Resilientes’. Quando perguntados qual a expectativa para 2021, 34% afirmam
estar otimistas, enquanto 36% estão razoavelmente otimistas.
Assessoria de
Imprensa - Fundação Lemann
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