Desde o início dos trabalhos em busca das vítimas do desabamento
do Edifício Andrea, ocorrido na manhã de terça-feira (15), em Fortaleza, todo o
Sistema de Segurança cearense atua de forma ininterrupta nas buscas por
sobreviventes. O governador do Ceará, Camilo Santana, determinou empenho máximo
das tropas no resgate de pessoas que estão sob os escombros, no bairro Dionísio
Torres. Diariamente, o chefe do Executivo se reúne no local para acompanhar as
ações das equipes, bem como prestar apoio a todos os envolvidos. Uma corrente
de dedicação, paciência e solidariedade se formou no quadrante do
desmoronamento desde as primeiras horas após o fato.
O comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do
Ceará (CBMCE), Luis Eduardo Holanda, que tem liderado a corporação nos
trabalhos ininterruptos, explica que são utilizados em torno de 135 bombeiros
militares, diariamente, apenas no ponto que é chamado pelas equipes de “zona
quente”, ou seja, sobre os escombros. Praticamente 100% do efetivo do Corpo de
Bombeiros que atua em Fortaleza e na Região Metropolitana da Capital está
empregado na ocorrência. Bombeiros militares que estavam em serviço
administrativo também foram deslocados para o local.
“Na faixa de 40 bombeiros são especialistas em busca e resgate em
estruturas colapsadas. Temos ainda oficiais de Engenharia, também com
especialização nessa área, equipes de busca e salvamento com cães, além do
pessoal de busca, resgate e salvamento. No entorno da operação, contamos com um
total de 500 pessoas trabalhando. Na logística e na área denominada ‘zona
morta’, nós temos ainda aproximadamente 100 bombeiros militares”, revela.
O trabalho humano é auxiliado pelas ferramentas adequadas para
estruturas colapsadas: uma plataforma mecânica que possibilita uma visão
elevada e central de toda a estrutura, bem como os equipamentos de proteção
individual (EPI), como capacetes, luvas, botas e outros instrumentos. A
tecnologia também é um forte aliado dos bombeiros, como é o caso da utilização
de drones, que proporcionam eficiência no mapeamento de toda a área de atuação
das forças de segurança.
Além das plataformas RPAS (sigla em inglês para Sistema de
Aeronaves Remotamente Pilotada) convencionais, as equipes também utilizaram um
drone com uma câmera termográfica, controlado por peritos da Perícia Forense do
Estado do Ceará (Pefoce), que tem ajudado os profissionais a identificarem
locais com maiores temperaturas e onde possam haver bolsões de ar.
Os cães Anny e Uno da 1ª Companhia de
Busca, Resgate e Salvamento com Cães do Batalhão de Busca e Salvamento (1ª
CBRESC/BBS) se destacaram nacionalmente em Brumadinho, Minas Gerais, onde
atuaram nas buscas por sobreviventes durante o rompimento da barragem de
Brumadinho-MG, em janeiro deste ano, que resultou em um dos maiores desastres
com rejeitos de mineração no Brasil.
Agora, atuando em sua terra natal, os
cães são utilizados pela manhã e à tarde, quando realizam uma varredura sobre
os escombros. Com uma perceptiva olfativa bem mais apurada que o ser humano, os
animais orientam os “pontos quentes” onde os bombeiros devem escavar
manualmente, e, com extrema perícia, para chegar até os moradores soterrados.
Vítimas
Em entrevista concedida na manhã desta
quinta-feira (17), o coronel comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar do
Ceará (CBMCE), Luis Eduardo Holanda, confirmou cinco óbitos. Outras cinco
pessoas foram reportadas por parentes como presentes no local no momento do
desabamento e seguem como desaparecidas.
A quinta vítima fatal, do sexo
feminino, foi retirada, no fim da manhã desta quinta-feira (17). Nayara Pinho
Silveira (31) foi identificada na Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce)
por meio de exame de papiloscopia. Ela é filha de Antônio Gildasio Holanda
Silveira, de 60 anos, que também foi encontrado sem vida sob os escombros, na
manhã de desta quinta-feira (17). Ele foi identificado por meio da
necropapiloscopia, técnica específica realizada por meio da coleta da impressão
digital da vítima e o confronto da impressão digital contida em um documento da
pessoa, na Pefoce.
A terceira vítima também foi
identificada por meio de exames na Pefoce. Izaura Marques Menezes, de 81 anos,
foi submetida a exames de odontologia forense (arcada dentária). Um corpo
encontrado no local, também do sexo feminino, segue sob os escombros. Já a
primeira vítima fatal confirmada pelo Corpo de Bombeiros foi Frederick Santana
dos Santos, de 30 anos, que foi retirado do local no fim da noite da terça
(15).
“Temos ainda condição de resgatar
pessoas com vida. Todas as vítimas estão em local muito complicado, pois o
prédio colapsou de uma forma muito forte. Por isso que tiramos (os escombros)
com muito cuidado para não abalar a estrutura e para que tenhamos a
possibilidade de retirar pessoas vivas”, destaca o comandante geral do Corpo de
Bombeiros Militar do Ceará.
Demais envolvidos
A Coordenadoria Estadual de Defesa
Civil do Ceará do Corpo de Bombeiros também atua na ocorrência onde as ações de
resgate também tiveram o apoio da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea da
Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) e de ambulâncias do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Já a Polícia Militar do Ceará (PMCE),
que conta também com policiais militares em serviço extra, realiza o isolamento
na região, visando facilitar o trabalho dos bombeiros militares, bem como
manter a segurança das pessoas próximas. Em torno de 33 policiais militares, em
viaturas e motocicletas atuam na ocorrência.
A Perícia Forense do Estado do Ceará
(Pefoce), com 50 profissionais, e a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE),
com cinco policiais civis, também participam dos trabalhos. O Exército
Brasileiro também enviou um efetivo de 15 homens para o local, que participaram
das ações ontem. Profissionais de órgãos da Prefeitura Municipal de Fortaleza
(PMF), como a Defesa Civil do Município e a Autarquia Municipal de Trânsito e
Cidadania (AMC) também atuam no local, bem como voluntários de várias áreas.
Texto: Aline Freitas / ASCOM/SSPDS
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