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Foto: SBT Reprodução |
Quando
o jornal O
Estado de S.Paulo revelou, no fim do ano passado, que um
ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio realizou
movimentações financeiras suspeitas apuradas pelo Coaf, o filho do presidente,
hoje senador, fez de tudo para se afastar do aliado.
·
Alvo de uma investigação do Ministério Público, ele
pediu em maio o arquivamento do caso e afirmou que seu erro foi “confiar
demais” no auxiliar.
O ex-assessor era Fabricio Queiroz, que movimentou,
segundo o órgão de controle financeiro, cerca de R$ 1,2 milhão enquanto
trabalhava no gabinete de Flávio Bolsonaro.
A suspeita é que o então deputado ficava com parte dos
salários de funcionários, em uma prática criminosa conhecida como “rachadinha”.
Nas investigações, o Ministério Público descobriu que
dez cheques de Queiroz foram parar em uma conta da primeira-dama Michelle
Bolsonaro, levando a suspeita para o centro do Palácio do Planalto.
Segundo Queiroz, tratava-se da devolução de um
empréstimo de R$ 40 mil que o presidente teria feito ao assessor “milionário”
do filho.
·
Queiroz é pai de uma ex-assessora de Jair Bolsonaro
quando ele era deputado. Exonerada em outubro, Nathalia Queiroz trabalhava como
personal trainer do Rio enquanto o gabinete de Bolsonaro atestava sua presença
em Brasília.
A
história, estranhíssima para quem prometia varrer a corrupção do país, dormitou
nos rodapés do noticiário após Queiroz submergir.
Enquanto isso, o governo ganhava outros holofotes à
medida que se tornava uma fábrica de produção de polêmicas em escala industrial.
A última foi quando o ex-líder do PSL na Câmara,
Delegado Waldir (GO), foi arrancado do posto em uma manobra do presidente e
prometeu divulgar um áudio que iria “implodir o governo”. Uma semana depois,
Queiroz voltou a assombrar a família Bolsonaro após a divulgação, pelo
jornal O
Globo, de um áudio em que orienta um interlocutor a instalar
aliados em algum dos “mais de 500 cargos lá na Câmara e no Senado”.
“Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa,
sem vincular a eles (família Bolsonaro) em nada, em nada. 20 continho aí para gente
caía bem para c***, meu irmão, entendeu?”.
No áudio, Queiroz afirma que não precisa vincular ao
nome, em referência à família do antigo chefe. “Só chegar lá e, pô cara, o
gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores, pessoal para conversar com
ele, faz fila. Só chegar lá e, pô meu irmão, nomeia fulano aí para trabalhar
contigo aí, salariozinho bom desse aí, cara, para a gente que é pai de família,
cai como uma uva.”
O áudio é de julho, quando Queiroz já havia saído
oficialmente de cena para o tratamento de um câncer em um hospital privado de
São Paulo, e deixa poucas dúvidas sobre sua influência sobre o clã.
Em nota enviada ao jornal, ele disse ver com
naturalidade o fato de ser “uma pessoa que ainda detenha algum capital
político, uma vez que nunca cometeu qualquer crime, tendo contribuído de forma
significativa na campanha de diversos políticos no Estado do Rio de Janeiro”.
De fato, como ele mesmo justifica, a indicação de
eventuais assessores não constitui qualquer ilícito ou algo imoral.
Mas mostra a proximidade do governo com um suspeito de
recolher salários de supostos assessores fantasmas, entre os quais sua filha.
Flávio Bolsonaro, também em nota, jura que não se
encontrou mais com o aliado tóxico desde o ano passado. “Não existe, neste período,
qualquer indicação de aproximação ou trabalho de Fabricio Queiroz para Flávio”.
O próprio presidente, ao ser questionado por um homem
onde estava o Queiroz, manifestou o incômodo (justificado) com o assunto: “Tá
com a sua mãe”.
A bola agora está com os órgãos de investigação,
incluindo a PF, o Coaf e a Receita - os mesmos que o pai tenta a todo custo
interferir dizendo que quem manda no país é ele.
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