Os livros proporcionam a oportunidade de percorrer novos e
variados mundos sem que a pessoa precise sair do seu ambiente físico. No
sistema prisional eles também podem proporcionar liberdade antes do tempo. É
com esse propósito que a Secretaria da Administração Penitenciária, através da
Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso, busca ampliar o
“Projeto Livro Aberto”.
Atualmente são 5.100 detentos que leem, mensalmemente,
em 17 unidades prisionais do Ceará. No projeto “Livro Aberto” o preso escolhe,
a cada mês, uma obra literária dentre os títulos selecionados para a leitura. O
apenado tem o prazo de 21 a 30 dias para apresentar o relatório de leitura ou resenha.
O relatório deve ser elaborado de forma individual, presencial, e local
adequado.
A resenha que atingir a nota igual ou superior a 6,0 é
aprovada pela Secretaria de Educação do Estado do Ceará (Seduc). Depois, isso é
levado para a vara judicial para ser avaliado sobre a redução da pena. Ao final
de 12 obras lidas e avaliadas, ele terá a possibilidade de remir 48 dias no
prazo de 12 meses da pena.
Responsável por organizar e catalogar os livros, o
detento e livreiro Paulo Rogério fala sobre a importância da leitura durante a
reclusão. “É uma forma importante de conhecimento e tirar o tempo ocioso, sem
citar a remição de pena, que também é um estímulo para todos. Tenho a missão de
ajudar na escolha dos livros e consequentemente organizar as publicações. Eu já
li vários livros e os que mais gosto são de literatura brasileira”, conta.
Nesta terça-feira (12), às 9h30, o sistema penitenciário cearense
recebeu a doação de 500 livros através da Federação das Indústrias do Estado do
Ceará (Fiec). O número de exemplares será distribuído nas unidades de acordo
com a necessidade de cada uma, como explicou a coordenadora da Cispe, Cristiane
Gadelha. “Com mais livros, nós conseguimos mais detentos que possam ler, e
participar desse projeto que dá uma nova visão de mundo para eles e também
contribui dando remição de pena para o apenado. Vamos distribuir os livros de
acordo com a necessidade de cada biblioteca”, analisa.
A iniciativa para a doação dos livros ocorreu após a
visita do presidente do Sindiroupas, Lélio Matias, no sistema prisional. Ele
conheceu o projeto “Livro Aberto” e ficou motivado, como explicou Alexandre
Mota, líder do Masterplan de Segurança Pública da FIEC. “O presidente Lélio
veio realizar uma visita e achou interessante o Projeto, e falou conosco para a
realização desse convênio para a realização das doações desses livros. Nós nos
preocupamos com a integração da comunidade em todos os âmbitos, e o social
principalmente”, destaca.
Pesquisadora do Masterplan de Segurança Pública do
Observatório da Indústria da FIEC, Mariana Biermann foi responsável pela
realização da triagem das publicações. “As doações foram selecionadas para
contemplar, especificamente, livros de literatura nacional e internacional em
português. Ffizemos uma triagem para não ter publicações com apologia à
violência entre outras coisas. A campanha de arrecadação do Sistema FIEC se
iniciou em julho de 2019 e foi encerrada em 31 de outubro”, explica a
pesquisadora.
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