Filho de Jair Bolsonaro, o vereador do Rio ficou irritado com indicação
da atriz para a pasta
Convidada por Jair Bolsonaro (sem partido) para ser a nova
Secretária da Cultura, a atriz da TV Globo, Regina Duarte,
não é unanimidade dentro do clã presidencial. O vereador pelo Rio, Carlos Bolsonaro (PSC), não gostou nada do
interesse do pai em nomear a artista no cargo após a demissão de Roberto Alvim,
ex-titular da pasta que publicou um vídeo nas redes sociais de referência ao
nazismo. Incomodado, Carlos a considera uma “comunista” e, segundo ele, a escolha
deveria ser de um nome com o perfil mais identificado com a causa bolsonarista.
A irritação de Carlos Bolsonaro foi testemunhada por
pessoas que estavam no gabinete do irmão dele, o senador Flavio Bolsonaro (sem
partido-RJ), na semana passada, em Brasília. No local, havia ainda assessores
do parlamentar na reunião. Depois da tensa conversa, antes mesmo de Regina
Duarte sinalizar se aceitaria ou não ocupar a secretaria, o vereador deixou o
local batendo a porta e sem falar com quem aguardava Flavio do lado de fora.
Além de considerá-la “comunista” – Regina Duarte
lutou contra a ditadura na arte, regime defendido por Jair Bolsonaro, era
monitorada e vista como de esquerda pelos militares e tem foto ao lado de Fidel
Castro -, Carlos argumenta que ela é uma “artista global”. Ou seja: funcionária
da emissora de TV a qual o pai declarou guerra. Mesmo com o filho contra a
decisão, o presidente manteve o convite porque considera que Regina possa abrir
as portas com sua influência e aproximá-lo do meio artístico, onde a atriz é
referência.
De acordo com quem estava no gabinete, Carlos
afirmou que a escolha por Regina Duarte seria “péssima” para o governo porque,
na visão dele, ela é vista como “isentona”. Em 2018, a atriz, no entanto,
defendeu o voto em Jair Bolsonaro. Até as 14h desta terça-feira, o vereador
também não havia feito qualquer reverência à atriz no Twitter, no Instagram e
no Facebook.
Regina Duarte irá a Brasília nesta quarta-feira, 22,
para conhecer a estrutura da secretaria. Ela encerrará seu contrato, que acabaria
em junho, com a TV Globo. Polêmico e com influência no Planalto, Carlos
Bolsonaro já protagonizou confusões no governo do pai e gerou crises.
Procurado, o parlamentar não foi encontrado até o fechamento desta reportagem. VEJA também ligou para gabinete dele na
Câmara do Rio, mas ninguém atendeu.
A ‘fritura’
Um grupo bolsonarista insatisfeito com a nomeação de
Regina Duarte chegou a articular a indicação do ator Carlos Vereza para
substituir Roberto Alvim. Formado por deputados simpatizantes de Bolsonaro que
ainda estão no PSL, o movimento iniciou um processo de “fritura” da atriz, sem
sucesso. No ano passado, Regina foi alvo de críticas após declarar ser contra a
censura de uma revista em quadrinhos que trazia o beijo de um casal gay na
Bienal do Livro.
Foto: Reprodução / Por Cássio Bruno
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