Em meio ao burburinho em torno da extensão dos cortes de produção da Opep+, os mais profundos da história, é fácil deixar passar sinais ameaçadores aos preços do petróleo - e à economia em geral - enviados pelo mercado de diesel.
Os maiores produtores de petróleo do mundo concordaram no sábado que estenderiam os limites coletivos da produção, retirando efetivamente 10% da oferta do mercado por mais um mês. Embora as medidas possam reduzir a oferta no mercado global de petróleo, potencialmente elevando os preços, quase não têm efeito sobre as magras margens das refinarias ao vender diesel, um dos derivados de petróleo mais importantes.
![]() |
UOL ECONOMIA |
“O mundo está inundado de diesel", disse Alan Gelder, vice-presidente de mercados de mercados de refino, produtos químicos e petróleo da consultoria Wood Mackenzie.
Além da Europa, onde o diesel é muito usado em carros, o combustível também é amplamente consumido pela indústria: como no transporte de mercadorias, construção e agricultura.
E embora a demanda tenha mostrado forte recuperação na Ásia - em particular na China - desde o início da pandemia de coronavírus, os mercados na Europa e nos EUA são pouco impulsionados pelo aumento das compras on-line e entregas. Com a recessão, houve um impacto muito maior na quantidade de carga sendo movimentada.
O maior problema agora, no entanto, é a oferta. As refinarias - principalmente na Europa e nos EUA - tentam produzir o mínimo possível de combustível de aviação, porque a demanda do setor ainda permanece muito abaixo do nível antes da pandemia. E isso significa produzir mais diesel. Da mesma forma, as refinarias não conseguem atender à recuperação do consumo de gasolina sem aumentar as taxas gerais de processamento, e isso também gera mais diesel.
Nos EUA, onde o período de consumo é sazonalmente fraco, o fornecimento de diesel, principal medida de demanda, atingiu o menor nível semanal em 21 anos na semana passada, caindo para apenas 2,72 milhões de barris por dia, de acordo com a Administração de Informação de Energia. Ao mesmo tempo, os estoques cresceram por nove semanas seguidas, atingindo o patamar mais alto desde 2010.No início da pandemia, o diesel era um dos poucos pontos positivos nos mercados de petróleo. O segmento de caminhões ainda funcionava a toda velocidade para estocar supermercados. Agora, as margens de produção do combustível nos EUA estão perto da mínima em 10 anos.
“O ponto positivo mudou do diesel para a gasolina”, disse Stephen Jew, diretor de refino e marketing global da IHS Markit. “As refinarias são movidas pelo lucro e podem se adaptar rapidamente, e sempre tentarão encontrar o ponto positivo. Vão buscar a gasolina.”
Bloomberg
Nenhum comentário: