São aqueles ricos em flavonoides, substância
encontrada na maçã, no vinho tinto e nos
brócolis, aponta pesquisa americana
Os cientistas estão de olho no nosso prato para tentar
descobrir se o cardápio do dia a dia é capaz de influenciar no surgimento ou
não de demências como o Alzheimer. De acordo com a Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia, estima-se que no Brasil haja um milhão e meio de
pessoas com esse conjunto de enfermidades, que inclui demência vascular e
senil. Uma pesquisa recente da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, dá uma
pista do que deve ser priorizado no menu para manter o cérebro saudável:
investir em alimentos ricos em flavonoides, substância encontrada na cebola, na
maçã, na uva e nos brócolis, para citar alguns exemplos. Segundo o trabalho,
indivíduos com mais de 60 anos tinham menor risco de desenvolver qualquer uma
dessas doenças dependendo da quantidade de flavonoides consumidos.
“Os flavonoides têm propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes,
ambas benéficas no combate das doenças neurodegenerativas”, afirma a nutróloga
Andrea Pereira, do Hospital Israelita Albert Einstein. O estudo da Universidade
Tufts analisou o elo entre o consumo de boas fontes da substância, como o chá,
e o risco de demências. Foram avaliadas 2.800 pessoas acima dos 50 anos durante
20 anos. Todos os participantes não apresentavam o problema no início da
pesquisa. No final, 193 voluntários desenvolveram Alzheimer e afins.
O trabalho determinou que a baixa ingestão de três tipos de
flavonoides estava ligada a uma maior tendência à apresentação do problema. Um
deles é o flavonol, encontrado nas peras – um consumo reduzido estava associado
a uma probabilidade duas vezes maior de desenvolver Alzheimer e outras
demências. No caso das antocianinas, presente no vinho tinto, essa
possibilidade foi quatro vezes mais alta. Quanto aos polímeros flavonoides,
disponíveis na maçã, o risco foi duas vezes maior.
Para ficar mais claro, o baixo consumo representou nenhuma
ingestão de cereja (antocianinas) por mês, cerca de uma maçã e meia por mês
(flavonol) e nada de chá (polímeros flavonoides) por 30 dias. Um consumo alto
foi igual a aproximadamente 7,5 xícaras de mirtilo ou morangos (antocianinas)
por mês, oito maçãs ou peras pelo mesmo período (flavonol) e 19 xícaras de chá (polímeros
flavonoides) por mês– o verde é um dos mais ricos em flavonoides.
Recomendações da OMS
Publicado no ano passado, um relatório da Organização Mundial
da Saúde (OMS), feito a partir de diversas pesquisas realizadas durante a
última década sobre demências, aponta que a alimentação saudável, combinada com
hábitos como não fumar, praticar exercícios físicos e controle do peso, pode
reduzir a possibilidade de evolução da enfermidade. “A demência possui diversos
fatores de risco, entre eles abuso de álcool, tabagismo e dietas inadequadas.
Eles danificam os neurônios, possibilitando seu desenvolvimento”, diz a
nutricionista Simone Fiebrantz, presidente do Departamento de Gerontologia da
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do estado do Paraná. A OMS
também indica um cardápio com muitos vegetais, frutas, gorduras boas (as
insaturadas, como ômega 3 e 6) e redução do consumo de carnes vermelhas e de
industrializados – dieta muito semelhante à mediterrânea, que fornece uma
variedade nutricional. “Não adianta ingerir só um nutriente isolado”, fala
Simone.
Segundo o relatório, que procura apontar estratégias para
reduzir a incidência de demências – são
44 milhões de pessoas no mundo com o problema e esse número deve triplicar até
2050 – é necessário o consumo de aproximadamente 400 gramas de frutas e
vegetais diariamente, além de diminuir em 30% a ingestão de gorduras saturadas,
aquelas da pele do frango, e de 10% em doces e assemelhados. Em relação às
atividades físicas, a OMS preconiza a prática de 150 minutos de exercício
moderado por semana, ou seja, uma média de 30 minutos todos os dias úteis. Além
de evitar exagerar na ingestão de produtos industrializados, a diretriz sugere ficar
longe de suplementos e complexos vitamínicos por não haver provas suficientes
de seus benefícios. “Nenhum alimento é proibido, mas é importante ficar atento
ao excesso, especialmente de alimentos gordurosos e com muito sal”, diz Andrea Pereira.
Fonte: Agência Einstein
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