Durante
grande parte da quarentena, alguns serviços considerados essenciais puderam
permanecer operando. Foi o caso dos supermercados. Agora, muitos
países e alguns estados do Brasil começam ou já iniciaram a retomada do
comércio e de outros setores. Em termos de saúde e de economia, o que
compensa ficar fechado ou aberto em uma pandemia ou em uma eventual
segunda onda do problema? Um estudo do Massachussets Institute of Tecnology (MIT), nos Estados
Unidos, tenta dar respostas a essa questão. Para isso,
os pesquisadores usaram uma variedade de dados sobre a
atividade comercial e dos consumidores, avaliando 26 tipos de
empreendimento tanto pela sua utilidade quanto pelo risco para a
saúde.
Os
pesquisadores analisaram dados de localização anonimizados de 47 milhões de celulares de
janeiro de 2019 até março de 2020. Entre essas informações, estavam inclusas
visitas a 6 milhões de estabelecimentos comerciais nos Estados Unidos. Os 26
tipos de empreendimentos respondiam por 57% das visitas – ou seja, o estudo
cobriu uma grande faixa da economia. Ao examinarem o dado sobre a localização
em um longo período, os especialistas determinaram o nível de aglomeração para
todos os tipos de negócio.
Os
bancos foram os que se saíram melhor na avaliação. Isso porque têm impacto
econômico considerável e pouca gente circulando em suas instalações. Afinal,
muitas agências tendem a ocupar grandes espaços e as pessoas as frequentam de
vez em quando, segundo Seth G. Benzell, um dos coautores da pesquisa. No ranking do estudo, ficaram
em primeiro lugar em importância econômica e em 14º em risco para a
saúde.
Por
outro lado, existem tipos de comércio que geram agrupamentos, mas apresentam
menor peso no quesito cifrões. Lojas de bebidas, de bolos, sorvetes e afins,
cafés e academias de ginástica são alguns deles – cafés e quiosques de
sorvetes, por exemplo, ficaram em terceiro lugar no ranking dos que apresentam
mais risco para a saúde e as academias, na quinta colocação.
Além da geolocalização, os pesquisadores também se detiveram em
informações do U.S Census Bureau, o equivalente ao Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre folha de pagamento, receita
e emprego para estimar a centralidade de diferentes indústrias para a economia.
Os empreendimentos analisados representaram 1.43 milhão de empresas, 32 milhões
de colaboradores, 1.1 trilhão de dólares em folha de pagamento e 5.6 trilhões
de dólares em receita. Além disso, foi feita uma pesquisa com 1.099 pessoas
para medir a preferência do público sobre diferentes tipos de negócio. Um ponto
para entender a abordagem do estudo, que foi publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Science, é que durante a pandemia
as pessoas tentam limitar as saídas que levem a interações com estranhos, ao
mesmo tempo em que precisam fazer algumas transações úteis e essenciais.
O trabalho tem como objetivo auxiliar autoridades governamentais
do mundo todo a reorganizarem a volta das atividades econômicas dentro de um
nível adequado de segurança. Hoje, o que impera em relação à Covid-19 ainda são
muitas incertezas. “Tudo muda muito rápido”, afirma o
infectologista Moacyr Silva Júnior, do Hospital Israelita Albert Einstein,
de São Paulo. “Parques, por exemplo, são áreas ao ar livre, onde as pessoas
poderiam ficar. Mas, se forem jogar futsal, por exemplo, ocorrerá interação e
risco de contaminação.”
(Por: Fábio de OliveiraFonte, Agência Einstein)
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